A flecha corta o ar atingindo o
coração de Hades. O pobre deus é tomado por um calor intenso, e seus olhos se
voltam para a moça de cabelos dourados. Nesse momento já não consegue ver outra
solução, se não toma-la como sua esposa. Ele chicoteia as rédeas de seus
cavalos e dispara em direção a Perséfone e as ninfas.
Percebendo a aproximação da
carruagem e assustadas, as ninfas gritam e correm em direções diferentes,
deixando a jovem deusa sozinha. Aproveitando-se disso, Hades agarra Perséfone
pelos cabelos com uma das mãos e a arrasta violentamente, enquanto com a outra
mão conduz seus cavalos em uma fuga.
- Deixe-a em paz, seu monstro!
– Grita Ciana, uma das ninfas.
Contudo, atônito em sua
repentina paixão, Hades ignora a ninfa e assopra em direção ao chão. Seu sopro
é tão forte que a terra começa a tremer, abrindo um portal para seu reino.
Atrás dele, Ciana insistentemente o persegue e notando-a Hades ordena as trevas
que a detenham. Serpentes de fumaça negra rastejam do portal e envolvem o corpo
da ninfa.
Ciana ascende em direção ao céu
até que seu corpo cede à pressão. A pequena ninfa urra de dor e sua pele se
rasga, seu corpo se dissolve em gotículas de água.
As demais ninfas correram
desesperadamente em direção ao local onde a mãe da deusa estava com os
camponeses para contar o ocorrido. Incrédula com o fato de sua filha ter sido
raptada por Hades, à deusa gritou furiosamente:
- Hades? O que este demônio
fará a coitada de minha filha?
A deusa sentiu um tremor
avassalador, um frio congelante desceu sobre sua espinha, o ar lhe faltava nos
pulmões, uma sensação horrível tomou conta de seu corpo e ela correu pelos campos,
seus olhos vasculhando cada centímetro de terra a procura de sua filha. As
ninfas foram atrás e procuraram sua amada amiga com a mesma devoção de sua mãe.
No alto do monte, Afrodite
estava satisfeita, observara tudo com uma adoração doentia. Seu plano dera
certo e ela voltaria a ser a mais bela entre os deuses, seu coração ansiava
loucamente para sentir essa sensação. Ao seu lado, Eros, permanecia em
silêncio, espantado com a agressividade do ocorrido, o garoto pensara que seria
diferente, não imaginara que o poder da flecha seria tão intenso em um deus.
Sua mãe o agradeceu, o grande sorriso iluminando seu rosto. Eufórica, Afrodite
se levanta e o convida para partir. Se Deméter a visse ali, faria milhares de
perguntas e desconfiaria de sua alegria.
Por onde a
deusa da agricultura passara, a terra sentia seu desespero. O solo se tornou
estéril, as plantações de trigo morreram, as árvores e flores secaram. Deméter
corria sem parar, chamando por Perséfone. Ela chegou ao local onde sua filha
estivera e nada encontrou, a não ser um rio.
Deméter não
desistiria de procurar por sua filha, a deusa deu as ninfas corpos de pássaros,
ordenando que não parassem a busca até encontrar Perséfone. A deusa pediu às
ninfas que perguntassem a todos os deuses se podiam ajudar na busca por sua
filha. Deméter não queria pedir ajuda a Zeus, pois sabia que Hera interviria.
Não era um bom momento para arrumar uma intriga com a esposa de Zeus. Mesmo
sabendo que Perséfone era filha do grande deus.
Foram dias
de uma busca incessante, Deméter se sentia esgotada. A terra estava definhando
juntamente com a deusa e os humanos perdiam a fé nos deuses pouco a pouco. Uma
das ninfas conseguiu ajuda de Hélio, o deus Sol, ela contou a Deméter sobre o
que o deus contara e não houve dúvidas de que precisaria da ajuda de Zeus.
Hades tinha levado Perséfone para o submundo e lá poucos entravam.
Deméter
voltou para o Olimpo e contou tudo a Zeus. O deus mandou seu mensageiro,
Hermes, para o submundo para estabelecer um trato com Hades. Porém, sua nova
esposa tinha comido um fruto ficando presa em seus domínios, pois quem comesse
qualquer alimento nesta região ficava obrigado a retornar. Com isso,
estabeleceram um trato, Perséfone passaria um período do ano com sua mãe e o
outro com Hades. Iniciando as estações do ano.
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